18 de janeiro de 2010

Primeiros contatos

Revirando o armário da casa onde morei durante a infância e onde passo férias atualmente, encontrei um pôster que pode ser considerado o “big-bang” da minha relação com o futebol. Provavelmente do início de 1998, ele ficava afixado na parede do meu quarto e estampa a foto de Ronaldo (à época, Ronaldinho) vestindo a bela camisa do Barcelona e tem “O melhor jogador do mundo” como legenda.

O cartaz me fez lembrar outro, que estava ao seu lado e retratava a equipe do Vasco campeã brasileira de 1997. Esses pôsteres contêm as duas pessoas que fizeram eu me apaixonar pelo esporte e pelo Vasco, por conseguinte: o já citado Ronaldo e Edmundo, craque do time de 97.

Enquanto o Fenômeno destruía nos gramados europeus e fazia bonito com a camisa da seleção nacional, o Animal comandava a valente equipe vascaína e massacrava todos os adversários aqui no “patropí”.

Ronaldinho, com o uniforme da equipe catalã, prepara-se pra comemorar mais um.

Minha admiração por Ronaldo era tanta que, em 98, cometi a insanidade de raspar a cabeça. Um desastre. Minha mãe impediu o pior vetando a máquina zero, mas, mesmo assim o resultado foi lastimável. Eu não me importava. Só queria ir pro quintal chutar a bola com a camisa do Brasil, careca e abrir os braços como o ídolo fazia pra comemorar seus gols.

Já Edmundo jogava com o coração e tinha a especial vocação de ser algoz do Flamengo. Tudo que um torcedor vascaíno aprecia. O cara me parecia capaz de tudo. Lembro de questionar meu pai, antes de uma partida que estava para começar na tevê: “pai, será que hoje o Edmundo faz uns 40 gols?”. Exagero de criança que não compreende muito bem o jogo, ok. Mas absoluto reflexo da imagem que eu tinha dele. E, certa vez, ele não fez os impossíveis 40, mas anotou inacreditáveis 6 tentos em apenas um jogo e por isso é, até hoje, o recordista em Campeonatos Brasileiros.

Um, dois, três, quatro, cinco urubus não foram capazes de deter um enfurecido Edmundo.

Talvez por isso, na final da Copa de 98, novamente inocente, não me assustei como todos quando um lacônico Galvão Bueno anunciava que o Fenômeno-esperança-do-Brasil não jogaria. “Tudo bem, o reserva é o Edmundo”, pensei. Ledo engano. Nem Ronaldo, que até tentou jogar, e Edmundo, que entrou no decorrer da partida, foram maiores que um carequinha de azul, um tal de Zidane.

Aquela derrota foi a minha primeira decepção futebolística. Mas não foi capaz de me arrancar as primeiras lágrimas, que viriam dois anos depois, quando meu ídolo chutou animalescamente o campeonato mundial do Vasco pras cucuias numa disputa de pênaltis.