20 de setembro de 2009

Bingo!


“Criminalizar o jogo não resolve porque o jogo é da natureza humana. Jogar não é crime. Se jogar não é crime, temos que discutir a regulamentação desta atividade.”. Foi assim que José Genoíno defendeu a (re)legalização das casas de bingo e videopôquer na CCJ da Câmara dos Deputados. O raciocínio, a primeira vista razoável, se esfarela completamente se analisado com maior profundidade.
 
Se tudo que fosse da natureza humana fosse pensado dessa maneira, deveríamos começar a analisar a descriminalização da bigamia, como me lembrou o amigo Chrismann. Podemos enumerar centenas de atitudes inerentes ao comportamento humano que são proibidas. Portanto, evocar o instinto não justifica nada. É um argumento tão falho e falacioso que poderia ser utilizado até para homicídio.

A legalização da atividade - ao contrário da descriminalização da maconha - fortalece uma estrutura suja e corrupta. Não é segredo para ninguém que casas de jogos servem para a lavagem de dinheiro de quadrilhas. Trazer a atividade à legalidade beneficia a prática, pois o montante a ser movimentado será maior e a fiscalização que não funcionava antes, não deverá funcionar agora. Se os bingos não estivessem vinculados à tais grupos, seriam válidos, afinal a Caixa Econômica Federal controla casas lotéricas e não existem grandes problemas.

A questão da adição me parece ser menor. Assim como o professor Denis Rosenfield, sou defensor das liberdades individuais e de escolha. Cada um pode fazer o que bem entender desde que não prejudique o próximo. Se os bingos não fossem nocivos pelos motivos expostos acima, eles deveriam sair da ilegalidade, afinal alcoólicos, tabaco e muitas outras coisas viciam e não são proibidos. Porém, quando alguém puxa a alavanca de uma máquina caça-níquel, uma organização criminosa está beneficiando-se. E, consequentemente, os cidadãos brasileiros sendo lesados.